O que é Geoestatística?
Fonte: geokrigagem |
A
geoestatística surgiu na África do Sul, quando Krige (1951) trabalhando com
dados de concentração de ouro, verificou que para encontrar sentido nas
variâncias em estudo era preciso levar em conta as distâncias entre as
amostras, e assim surgiu o conceito da geoestatística ou teoria das variáveis regionalizadas,
que leva em consideração a localização geográfica e a dependência espacial. Em mineração
há locais com maior e menor concentração dos minerais. Matheron (1965) colocou
esta ideia em termos matemáticos e desenvolveu a geoestatística.
Geoestatística
é um ramo da estatística que utiliza conceito de variáveis regionalizadas na
avaliação de variabilidade espacial. Não se limita apenas em obter um modelo de
dependência espacial, pretende também estimar valores de pontos nos locais onde
não foram coletados (SRIVASTAVA, 1996; GOOVAERTS, 1997). Destaca-se os passos
de cálculo da semivariância, construção ajuste do semivariograma e a
interpolação por krigagem. Com a geoestatística pode-se estimar o valor de uma
dada propriedade para um local onde não foi medida, utilizando uma função de
correlação espacial entre os dados sem viés e com variância mínima (VIEIRA,
2000).
Para
estimar esses valores, comumente se usa o método de interpolação por krigagem,
cujo nome foi dado em homenagem a Daniel G. Krige. Krigagem consiste em
ponderar os vizinhos mais próximos do ponto a ser estimado, obedecendo os
critérios de não tendenciosidade, que significa que em média a diferença entre
valores estimados e observados para o mesmo ponto dever ser nula e ter mínima
variância, ou seja, que os estimadores possuam a menor variância dentre todos
os estimadores não tendenciosos.
Fazendo
uma comparação entre a estatística clássica e a geoestatística, podemos dizer
que a primeira necessita da normalidade e independência espacial entre os dados
enquanto que a geoestatística requer a auto-correlação espacial. A estatística clássica
assume que os pontos de observação são independentes, o que, na maioria dos
casos, não acontece nos estudos envolvendo as ciências da terra (SRIVASTAVA,
1996).
Com a
análise geoestatística é possível organizar os dados disponíveis espacialmente
de acordo com a semelhança entre vizinhos georreferenciados. A geoestatística,
bastante consolidada em estudos de solos independentemente do tamanho da área
amostrada (WARRICK; NIELSEN, 1980; GOOVAERTS, 1997; GREGO; VIEIRA, 2005), tem
potencial para diversas outras aplicações envolvendo ciências da terra e do
ambiente (SOARES, 2006). Portanto, segundo Molin (2012) traz grande
contribuição para a agricultura de precisão principalmente na definição de
unidades de manejo a partir de mapas de produtividade.
Leitura Complementar: Literatura Recomendada
Referências:
GOOVAERTS,
P. Geostatistics for natural resources
evaluation. New York: Oxford University Press, 1997. 476 p.
GREGO,
C. R.; VIEIRA, S. R. Variabilidade espacial de propriedades físicas do solo em
uma parcela experimental. Sociedade
Brasileira de Ciência do Solo, v. 29, n. 2, p. 169-177, 2005. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-06832005000200002.
KRIGE,
D. G. A statistical approach to some basic mine evalution problems on the
witwatersrand. Journal of the Chemical,
Metallurgical and Mining Society of South Africa, v. 52, p. 151-163, 1951.
MATHERON,
G. Les variables régionalisées et leur
estimation. Paris: Masson, 1965. 306 p.
MOLIN,
J. P. Agricultura de precisão no Brasil: estado atual e perspectivas. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA, 6., 2012, Cuiabá. Anais...
SOARES,
A. Geoestatística para as ciências da
terra e do ambiente. Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2006. 214 p
SRIVASTAVA,
R. M. Describing spatial variability using geostatistics analysis. In:
SRIVASTAVA, R. M.; ROUHANI, S.; CROMER, M. V.; JOHNSON, A. I.; DESBARATS, A. J.
(Ed.). Geostatistics for environmental
and geotechnical applications. West Conshohocken: ASTM, 1996. p. 13-19. http://dx.doi.org/10.1520/STP16110S.
VIEIRA,
S. R. Geoestatística em estudos de variabilidade espacial do solo. In: NOVAIS,
R. F.; ALVAREZ, V. H.; SCHAEFER, G. R. (Ed.). Tópicos em ciência do solo. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência
do Solo, 2000. p. 1-54. v. 1.
WARRICK,
A. W.; NIELSEN, D. R. Spatial variability of soil physical properties in the
field. In: HILLEL, D. (Ed.). Applications
of soil physics. New York: Academic Press, 1980. p. 319-344.
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