Desafios da agricultura de precisão para o manejo da fertilidade do solo
Há longo tempo é reconhecida a
variabilidade espacial dos solos, razão pela qual foram indicados os critérios
básicos da amostragem tradicional, visando subdividir as áreas de coleta em
zonas mais homogêneas e melhorar a representatividade das amostras enviadas
para análise em laboratório. Trabalhos empregando geoestatística (MACHADO et al.,
2004; CORÁ, BERALDO, 2006; RESENDE et al., 2006; BARBIERI et al., 2008;
MONTANARI et al., 2008) comprovam a possibilidade e, ao mesmo tempo, a
dificuldade de se espacializar a variabilidade do solo como forma de refinar o
seu manejo agronômico. Os estudos nesse sentido têm indicado a necessidade de
grades amostrais relativamente densas, com coleta e análise de grande número de
amostras, para que se possa captar a variabilidade do solo nas lavouras (COELHO,
2003; MACHADO et al., 2004, RESENDE et al., 2006). Via de regra, a quantidade
de amostras que seria satisfatória geoestatisticamente costuma ser inviável nas
condições de lavouras comerciais. A divisão do talhão em grade com células de
tamanho variável, normalmente entre 2 e 10 hectares, vem sendo empregada para
amostragens de solo pelas empresas prestadoras de serviços em AP no Brasil.
Antes de uma definição baseada em alguma informação preliminar sobre o grau de
homogeneidade das áreas a serem amostradas, a escolha do tamanho de célula ou
malha amostral tem sido atrelada à negociação de preço a ser cobrado pelo
serviço. Como forma de baixar custos, é frequente o uso de amostragem de baixa
densidade. Um problema adicional, principalmente no caso de grades menos densas,
é a disposição arbitrária da grade sobre o mapa de contorno do talhão para
indicar os pontos de coleta a serem seguidos no campo. Esse procedimento não
garante que, dentro de cada célula, as características e propriedades do solo
serão homogêneas. No que se refere à fertilidade do solo, a AP tem grande
potencial de desenvolvimento, mas ainda envolve elevados custos com análises de
solo. Nesse aspecto, é necessária a definição de técnicas de amostragem
otimizadas, que permitam reduzir o número de amostras a serem analisadas, mas
mantendo-se a confiabilidade para recomendação de manejo de forma diferenciada
dentro do talhão.
Referências:
BARBIERI, D.M.; MARQUES JÚNIOR, J.;
PEREIRA, G.T. Variabilidade espacial de atributos químicos de um argissolo para
aplicação de insumos à taxa variável em diferentes formas de relevo. Eng.
Agríc., Jaboticabal, v.28, n.4, p.645-653, 2008.
COELHO, A.M. Agricultura de precisão:
manejo da variabilidade espacial e temporal dos solos e das culturas. Tópic.
Ci. Solo, Viçosa, v.3, p.249-290, 2003.
CORÁ, J.E.; BERALDO, J.M.G.
Variabilidade espacial de atributos do solo antes e após calagem e fosfatagem
em doses variadas na cultura de cana-de-açúcar. Eng. Agríc.,
Jaboticabal, v.26, n.2, p.374-387, 2006.
MACHADO, P.L.O.A.; SILVA, C.A.; BERNARDI, A.C.C. et al. Variabilidade de atributos de fertilidade e espacialização da recomendação de adubação e calagem para a soja. In: MACHADO, P.L.O.A.; SILVA, C.A.; BERNARDI, A.C.C. (Eds.) Agricultura de precisão para o manejo da fertilidade do solo em sistema de plantio direto. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2004. p.115-129.
MONTANARI, R.; PEREIRA, G.T.; MARQUES
JÚNIOR, J.; SOUZA, Z.M.; PAZETO, R.J.; CAMARGO, L.A. Variabilidade espacial de
atributos químicos em Latossolo e Argissolos. Ciência Rural, Santa
Maria, v.38, n.5, p.1266-1272, 2008.
RESENDE, A.V.; SHIRATSUCHI, L.S.; SENA,
M.C.; KRAHL, L.L.; OLIVEIRA, J.V.F.; CORRÊA, R.F.; ORO, T. Grades amostrais
para fins de mapeamento da fertilidade do solo em área de cerrado. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE AGRICULTURA DE PRECISÃO. 2. São Pedro – SP, 2006. Anais...
Piracicaba: ESALQ, 2006. (CD-rom).
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