Você sabe o que são Sistemas de automação, sensoriamento remoto, sistemas de guia e monitores de colheita?
Algumas aplicações
de ferramentas de Agricultura de Precisão, têm resultado em benefícios ao
agricultor, ao solo e ao ambiente em geral. Algumas dessas aplicações são úteis
e atrativas aos agricultores e, por vezes, são utilizadas de forma isolada, sem
o propósito claro de estabelecimento da Agricultura de Precisão no
gerenciamento da propriedade.
Sistemas de automação de máquinas e equipamentos (ex: mecanismos
de regulagem e controladores de fluxo de sementes, fertilizantes e defensivos)
e de coleta de dados (ex: sensores de desempenho de aplicadores de insumos,
informações climatológicas) não são propriamente dispositivos de Agricultura de
Precisão, pois, por si só não permitem o manejo sítio-específico das lavouras,
mas fornecem informações importantes para o diagnóstico de fatores
condicionantes de variabilidade nas lavouras e auxiliam na tomada de decisão
visando melhoria do manejo das culturas, facilitam a rotina de trabalho e
aumentam a eficiência operacional nas fazendas. Sistemas de posicionamento por
satélite, como dispositivos de guia (barra de luz) e piloto automático,
utilizados de forma isolada, também não expressam Agricultura de Precisão,
entretanto, permitem o deslocamento preciso de máquinas (ex: semeadoras,
pulverizadores e colhedoras), contribuindo para maior rendimento operacional e
eficiência nas operações mecanizadas de semeadura, tratos culturais e
colheita.
Como resultado, criam-se oportunidades para otimização da frota
agrícola, economia de tempo, combustível, redução do desperdício de defensivos
e do trânsito de máquinas nas lavouras, amenizando os problemas de compactação
do solo e de contaminação ambiental. Benefícios dessa natureza, além de ganhos
em produtividade e qualidade industrial, são relatados como principais
motivadores de adoção da Agricultura de Precisão em áreas de cana-de-açúcar de
usinas sucroalcooleiras do estado de São Paulo (Silva et al., 2010). Imagens de
satélite e fotografias aéreas digitais se mostram de grande valor na detecção e
no monitoramento da variabilidade espacial e temporal nas áreas de cultivo.
Avanços importantes vêm sendo conseguidos mediante a obtenção e processamento
de imagens relativas a determinadas fases de desenvolvimento das culturas,
possibilitando detectar e espacializar diferenças quanto ao vigor vegetativo,
estado nutricional, incidência de pragas e doenças, infestação por plantas
daninhas e potencial produtivo dentro do talhão (VILELA et aI., 2006a; BAESSO
et aI., 2007; MEDEIROS et al., 2008; SENA JUNIOR et aI., 2008).
A efetiva funcionalidade dos sensores de produtividade acoplados
às colhedoras possibilita a elaboração de mapas de colheita e a visualização do
desempenho produtivo das culturas em diferentes locais dentro de cada talhão,
representando informação de extrema relevância para o registro de histórico das
áreas e o estabelecimento de zonas de manejo (SANTI et aI., 2010). Apesar da
importância que tem em termos gerenciais, a correta aferição das produtividades
obtidas a cada safra sempre foi negligenciada pelos produtores.
Estimativas grosseiras do rendimento físico das culturas pouco
contribuem para o aprimoramento do manejo, sobretudo porque a produtividade
média de um talhão não expressa o grau de variabilidade espacial e temporal em
diferentes partes da lavoura. Mesmo os agricultores que dispõem de colhedoras
equipadas com monitor de produtividade têm deixado de usufruir do seu potencial
informativo, pelo fato de a utilização dos sensores e o processamento dos dados
coletados não serem tarefas triviais. Esta situação toma-se ainda mais crítica
em áreas de cultivo de grande extensão, como é comum na região do Cerrado, onde
o tamanho médio dos talhões é muito superior ao observado em outras regiões
produtoras do Brasil e do exterior (RESENDE et al., 2010).
Referências:
BAESSO, M.M.; PINTO, F.A.C.; QUEIROZ, D.M.; VIEIRA, L.B.; ALVES,
E.A.; SENA JÚNIOR, D.G. Determinação do “status” nutricional de nitrogênio no
feijoeiro utilizando imagens digitais coloridas. Eng. Agríc.,
Jaboticabal, v.27, n.2, p.520-528, 2007.
MEDEIROS, F.A.; ALONÇO, A.S.; BALESTRA, M.R.G.; DIAS, V.O.;
LANDERHAL JÚNIOR, M.L. Utilização de um veículo aéreo não-tripulado em
atividades de imageamento georeferenciado. Ciência Rural, Santa
Maria, v.38, n.8, p.2375-2378, 2008.
RESENDE, A. V.; SHIRATSUCHI, L. S.; COELHO, A. M.; et al. Agricultura
de precisão no Brasil: avanços, dificuldades e impactos no manejo e
conservação do solo, segurança alimentar e sustentabilidade. Embrapa Milho e
Sorgo. 2010. Disponível em: < http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/29842/1/Agricultura-precisao.pdf >. Acesso
em: 28 set. 2021.
SANTI, A.L.; AMADO, T.J.C.; DELLA FLORA, L.P.; SMANIOTTO, R.F.F. É
chegada a hora da integração do conhecimento. Rev. Plantio Direto,
n. 109, 2009. Diponível em: < https://www.plantiodireto.com.br/?body=cont_int&id=907 >.
Acesso em 28 set. 2021.
SENA JÚNIOR, D.G.; PINTO, F.A.C.; QUEIROZ, D.M.; SANTOS, N.T.;
KHOURY JÚNIOR, J.K. Discriminação entre estágios nutricionais na cultura do
trigo com técnicas de visão artificial e medidor portátil de clorofila. Eng.
Agríc., Jaboticabal, v.28, n.1, p.187-195, 2008.
SILVA, C.B.; MORAES, M.A.F.D.; MOLIN, J.P. Adoption
and use of precision agriculture technologies in the sugarcane industry of
São Paulo state, Brazil. Prec.
Agriculture, p.1-15, 2010.
VILELA,
M.F.; RESENDE, A.V.; CORAZZA, E.J.; SHIRATSUCHI, L.S. Fotografia aérea no
monitoramento e diagnóstico de uma área cultivada com milho. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE AGRICULTURA DE PRECISÃO. 2. São Pedro – SP, 2006. Anais...
Piracicaba: ESALQ, 2006a. (CD-rom).
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