Como a Nanotecnologia pode contribuir para Agricultura?
Fonte: Agrointeli |
A importância que a nanociência assume para a base da sociedade contemporânea é, principalmente, em seu potencial caráter revolucionário concernente a todas as esferas da vida. Desde as recentes interrogações, em 1959, do Físico Nobel Richard Feynman sobre a ideia de manipular matéria a nível atômico, os avanços no campo da nanociência e suas aplicações práticas (nanotecnologias) têm sido incessantes.
Entre
as muitas possibilidades de aplicações não rurais da nanotecnologia está a incorporação
de nanosensores e nanocatalisadores capazes de monitorar e acelerar ou
diagnosticar doenças de plantas, ou tratamento molecular de doenças, ou o uso
da capacidade das plantas de absorver nutrientes, com eficiência natural dos
pesticidas, herbicidas e fertilizantes. Trata-se de expandir para a nanoescala
(possível um milionésimo de metro) os ganhos alcançados nos últimos anos com a
agricultura de precisão, para a qual é possível prever, por exemplo, as
condições de, ou desenvolvimento, da germinação das plantas, além de auxiliar
no uso mais racional da água.
A união da biotecnologia e nanotecnologia em sensores criará um dispositivo de maior sensibilidade permitindo uma resposta mais rápida às alterações ambientais. Esses dispositivos tornam possível uma agricultura cada vez mais científica. Segundo Opara (2004), a "agricultura inteligente" será o produto da convergência de dois desenvolvimentos científicos e tecnológicos mais recentes, baseados em uma tríade tecnológica formada por biotecnologia, informação e comunicação tecnológica (TIC) e nanotecnologia. O autor considera que essa “agricultura inteligente” será capaz de revolucionar a agricultura que não se conhece de uma forma muito mais radical do que as transformações provocadas pela “revolução verde” em nenhum momento passado.
Fonte: Agrirobotic |
Do
lado positivo, a incorporação de dois novos produtos e processos
nanotecnológicos na agricultura levaria a uma maior eficiência econômica e,
portanto, a uma maior rentabilidade para os setores mais capitalizados entre
agricultores e empresas vinculadas ao setor. Julga-se que será possível reduzir
os custos da produção fora do campo, potencializar ou aumentar a produção,
ajudar a diminuir as perdas agrícolas e, também, diminuir os impactos
ambientais causados pelo uso de insumos químicos. Uma das melhores vantagens
da nanotecnologia controla a distribuição de produtos por meio de
encapsulamento e liberação controlada do princípio ativo na planta ou solo. É
ainda possível diagnosticar antes da existência de doenças em plantas e
animais, ou que permitiria tratar esses problemas antes da ocorrência de
epidemias.
As nanotecnologias também têm um enorme potencial para revolucionar os sistemas alimentares. Estudos apontam para possibilidade de tecnologias em escala nanométrica ajudarem a detectar patógenos contaminantes por meio dos nano-sensores bioanalíticos e identificar a origem e rastreabilidade dos produtos agrícolas e animais. Acima de tudo, aplicações da nanotecnologia não alimentar estão ocorrendo na área de embalagens, além de alguns alimentos e ingredientes entrarem no mercado com a intenção de alterar suas propriedades e aumentar a preservação de diversos alimentos e bebidas comerciais.
Por
outro lado, as facetas negativas diante da difusão das nanotecnologias na
agricultura remetem–se às questões sociais, políticas e éticas. Considera–se,
por exemplo, a provável diminuição do número de empregos no campo e a exclusão
de imensa massa de agricultores familiares, o que provocariam novas ondas de
migrações e, conseqüentemente, a explosão dos centros urbanos. Alerta–se,
também, para a provável concentração das riquezas nas mãos de empresas
transnacionais detentoras das patentes dos produtos e processos
nanotecnológicos, as quais possuem recursos para os investimentos em pesquisa
aplicada. Há indicações de que algumas empresas transnacionais já estão
comercializando produtos relacionados aos setores agrícola e alimentício com
base nas nanotecnologias.
Outra
problemática central nas discussões a respeito da nanociência relaciona-se aos
prováveis problemas ambientais e de saúde pública. De forma semelhante aos
transtornos causados pela utilização inconsequente dos insumos químicos da
"revolução verde", previne-se acerca das incertezas a respeito dos
possíveis riscos e efeitos toxicológicos decorrentes da manipulação de produtos
nanotecnológicos tanto para a saúde de trabalhadores agrícolas e consumidores
destes produtos, como para o meio ambiente de modo geral. No caso das
nanotecnologias, a escala de análise laboratorial é um fator determinante para
a correta verificação da existência de toxicidade:
As
partículas nano embora sendo do mesmo elemento químico se comportam de forma
distinta – em relação as partículas maiores – em termos de cores, propriedades
termodinâmicas, condutividade elétrica, etc. Portanto, o tamanho das partículas
é de suma importância porque muda a natureza das interações das forças entre as
moléculas do material e assim, muda os impactos que estes processos ou produtos
nanotecnológicos tem junto ao meio ambiente, a saúde humana e a sociedade como
um todo (MARTINS, 2006).
Leitura Complementar: Literatura Recomendada
Referências:
DE FATIMA RAMOS, Soraia et al. Reflexões acerca
das nanotecnologias e como novas densidades técnicas-científicas-informacionais
na agricultura. Estud. soc, Hermosillo,
v. 17, n. 34, pág. 313-326, dic. 2009. Disponível em < http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0188-45572009000200013&lng=es&nrm=iso
>. Acesso em: 22 dez. 2021
MARTINS, P. R. (2006) Introdução à Nanotecnologia. Cibéria, ano 8, n. 29, out/nov/dez.
OPARA,
L.U. (2004) Emmerging Technological
Innovation Triad for Smart Agriculture in the 21th Century. Part I.
Prospects and Impacts of Nanotechnology in Agriculture. Disponível em: < http://cigrejournal.tamu.edu/submissions/volume6/Invited%20Overview%20Opara%20final%2017August2004.pdf
>. Acesso em: 22 dez. 2021
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